8 de set. de 2013

Sem vida...

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☆... Faz um frio agudo dentro de mim. Procuro um agasalho. Cubro. Recubro. Mas, desnudo-me diante de uma mentira, pois cubro o meu corpo e não o meu sentimento de angústia. Que sentimento tão inválido é este que me aflige? Feio. Insípido, flácido na fluidez da impaciência que eu descubro.

Enquanto cubro, vou descobrindo a minha nudez sentimental que me escapa por causa da invalidez emocional. Inválidos somos nós, na vertiginosa conquista que pretendemos dar ao nosso futuro.

Ah, o futuro. Olha meu irmão, o futuro é tão antigo como a Humanidade. E ao caminharmos para o futuro, é da clemência que vamos ao encontro, na precisão de uma nova conquista. É nesse mito que se emerge a minha angústia, que se esfria dentro de mim. Não será isto início de uma loucura. Louca. Estou ficando louca. Pelo menos a loucura dá-me a certeza de que sou alguma coisa. Pelo menos uma certeza, ganhei, na vida: sou louca. Louca!

Nesse estágio da vida, pelo menos posso lutar contra tudo. Posso lutar contra «o nada». Posso sonhar com tudo. Posso viver o rito de um presságio único. Posso, como louca, ser barco. Mar. Oceano. Concha marítima. Mercado. Mercador. Luz. Sol. Folha. Agulha. Amante. Amado. É bom ser louca, porque podemos ser e fazer tudo. Podemos ganhar. Perder. Rir. Chorar. Cantar. Saltar. Orar. Ou rezar para quem acredita numa fé maior que a minha.

Mas isso não tira e muito menos purifica a nossa angústia, apenas atenua. Engrandece. Desloca-nos. Transfere-nos. Espalha-nos. Congela-nos. Irrita-nos. É dentro da nossa irritação humana que continuo a sentir um frio agudo dentro de mim.

A angústia revela-me a sua loucura. É nesse matinal escuro, solar e existencial que me encontro agora. É nessa matriz que me cubro, redescobrindo que não fui honesta com os descobrimentos que foram desacobertados para que eu possa andar coberto como uma artista, complexa e simples.

Nessa onda matinal, em que me encontro agora, o frio (a angústia) toma conta de mim. Acho que estou nos últimos momentos de mim. Mesmo assim, vou-me agasalhando cada vez mais. Esperando que a angústia (o frio) me leve de mim, para fora de mim. Enquanto me cubro, espero que o frio (a angústia) me arranque de mim, para me levar para o futuro de mim mesmo.

Choro. Choro, sim. Choro, porque tenho medo do além. Choro, não por medo de um frio denso e agudo. Choro porque descubro dentro da Humanidade, dentro de mim, que a única angústia (o frio) de que tenho medo (dentro do meu frio angustiante) é o futuro: a morte. ...☆




ღ ☆ Ƒeita de Ϛoisas ♥ ☆





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